segunda-feira, 26 de novembro de 2012

SOBREVENTO ESTREIA SÃO MANUEL BUENO, MÁRTIR, EM SÃO PAULO


Sobrevento estreia “São Manuel Bueno, Mártir”,
a história de um padre que duvida de sua própria fé

O GRUPO SOBREVENTO, um dos mais destacados grupos brasileiros de teatro de bonecos, estreia em São Paulo o espetáculo “SÃO MANUEL BUENO, MÁRTIR”, no dia 17 de janeiro de 2013, quinta-feira, às 21h, no ESPAÇO SOBREVENTO. O espetáculo conta a vida do personagem Dom Manuel, um padre que carrega, como um estigma, a dúvida de sua própria fé e da própria existência de Deus. A peça tem ENTRADA FRANCA. Reservas podem ser feitas pelos telefones  (11) 4328-3589 e (11) 96337-5013 ou pelo e-mail info@sobrevento.com.br. O ESPAÇO SOBREVENTO, único teatro da cidade dedicado ao Teatro de Animação, fica na Rua Coronel Albino Bairão, 42 – a duas quadras do Metrô Bresser-Mooca.


A peça é fruto do Projeto SOBREVENTO 25 ANOS: OBJETOS E IDENTIDADE, patrocinado pela Petrobras por meio da Lei de Incentivo à Cultura.  O Projeto está sendo desenvolvido desde meados de 2011 e viabilizou a manutenção da sede do Grupo, a apresentação do seu repertório, um Festival internacional, um Festival nacional e a criação deste novo espetáculo, além de sua temporada em São Paulo e sua circulação pelo país.


Primeira encenação do melhor romance de Unamuno

O texto foi escrito em 1930 pelo poeta, filósofo e escritor Miguel de Unamuno (1864-1936), reconhecido, não só pela qualidade de sua obra, mas também pelos sucessivos ataques à monarquia da Espanha. Nunca antes encenado, “São Manuel Bueno, Mártir” transformou-se em uma peça, dirigida ao público adulto, que conta a história de Dom Manuel (vivido por Maurício Santana), um padre que duvidava da vida após a morte e da própria existência de Deus. Através da narrativa confessional e em primeira pessoa de Ângela (Sandra Vargas), o texto embrenha-nos no drama íntimo do pároco, que está  prestes a ser beatificado. Lázaro (Luiz Cherubini), irmão de Ângela, acaba de voltar dos EUA para a pequena cidade onde nasceu e tenta convencer Ângela a ir embora daquele lugar onde, segundo o personagem, “as mulheres mandam nos homens e os padres mandam nas mulheres”. Mas ela se recusa, convencida de que há questões a serem resolvidas por lá.  A trama gira em torno do relacionamento desses três personagens: Ângela ganha profunda admiração e gratidão por Dom Manuel, que se transforma, de um mártir, em uma espécie de santo, apesar – ou justamente por causa – de sua dúvida e falta de fé.


Miguel de Unamuno: a fé cega e a faca amolada

Polêmico, Miguel de Unamuno (Bilbao, 1864 – Salamanca, 1936) foi filósofo, ensaísta, dramaturgo, romancista e poeta: sua obra literária gira em torno de três temas dominantes: o homem, a imortalidade e a Espanha. Paradoxal e contraditória, sua visão particular do mundo e a defesa apaixonada das suas ideias transformaram-no no centro de todas as polêmicas políticas e religiosas de seu tempo. Entre suas obras, destacam-se A Tia Tula, A Vida de Dom Quixote e Sancho e Niebla. Era praticamente uma versão real do próprio Dom Manuel:  era um cético, mas tinha muita fé; criticava a Igreja e a fé cega, mas defendia que não poderíamos ser totalmente descrentes. “Chegamos a um espetáculo muito simples e muito delicado. Não queremos, nele, fazer uma demonstração de virtuosismo; não queremos impressionar, surpreender; não queremos falar da força, da vitalidade, da modernidade do Teatro de Animação; mas expor as nossas dúvidas, as nossas angústias, as nossas questões, a nossa fragilidade. A dúvida - que é o cerne deste espetáculo e do próprio texto que lhe deu origem – é, para nós, a melhor contribuição que o Teatro de Animação pode dar ao Teatro e que nós, artistas, podemos oferecer ao público”, explica Luiz André Cherubini, ator e diretor do espetáculo.



Uma montagem muito pouco ortodoxa

A montagem realizada pelo Sobrevento é  pouco ortodoxa.  Acontece em uma arena ocupada por uma mesa redonda, que representa o mundo. No centro dela, bonecos de madeira estáticos, fixos, sem qualquer articulação, confeccionados pelo escultor Mandy. São pelo menos 30 bonecos que representam os personagens da trama e o povo da pequena cidade onde se desenrola a história. Os três atores-manipuladores, representando os personagens Dom Manuel, Angela e Lázaro, movimentam estes bonecos como se fossem peças de xadrez ou figuras de um presépio. A trilha sonora do espetáculo, realizada ao vivo, foi criada especialmente pelo pernambucano Henrique Annes, um dos fundadores do Movimento Armorial, virtuoso do violão recifense e que comemora os seus 50 anos de carreira. A música de Annes, que transita entre o erudito e o popular, é executada por três músicos, ao violão, violoncelo e bandolim. “Ao longo do espetáculo, as figuras (bonecos) vão perdendo a sua forma, se decompondo, ficando cada vez mais distantes do figurativismo original, como em um livro, molhado pela água. O jogo de movimentação das figuras lembra um jogo de criança ou às vezes uma maquete, mas não há uma manipulação propriamente dita ou uma técnica de animação”, diz a atriz Sandra Vargas. Os espectadores presenciam um jogo, invadem a intimidade da cena e formam uma espécie de assembléia. O espaço cênico é uma espécie de poço escuro e o tampo da mesa é o própio palco do espetáculo.

Esta é a 19ª montagem do Grupo Sobrevento, com 26 anos de carreira e  um dos maiores expoentes brasileiros do Teatro de Animação. O espetáculo conta, ainda, com a delicada iluminação de Renato Machado, uma instalação cênica de abertura (que leva o nome de Povo Frágil) do renomado artista plástico italiano Antonio Catalano, ambientação e orientação cenográfica de Telumi Hellen, figurino de João Pimenta,  preparação cenotécnica e mecanismos de Agnaldo Souza e encenação de Luiz André Cherubini, que atua no espetáculo ao lado de Maurício Santana e Sandra Vargas.




O Grupo Sobrevento

O SOBREVENTO é um Grupo de Teatro profissional, formado em 1986, que busca apresentar, experimentar, desenvolver, inovar, aperfeiçoar, difundir, multiplicar, valorizar, fortalecer, ensinar, aprender e estudar o Teatro de Animação. É reconhecido, nacional e internacionalmente, como um dos maiores especialistas brasileiros da área. O Grupo tem, hoje, dez espetáculos em repertório – destinados a diferentes públicos e espaços – com os quais ganhou alguns dos Prêmios mais importantes do país. Em suas andanças, viajou por todo o Brasil, do Acre ao Rio Grande do Sul, e apresentou-se em mais de uma centena de cidades não só do Brasil, mas também da Espanha, Irlanda, Escócia, Argentina, Chile, Colômbia, Angola, Suécia, Estônia, México e Irã.

O Teatro de Bonecos para adultos

O Teatro de Animação moderno é uma ampliação dos limites que o senso-comum estabeleceu, preconceituosa e equivocadamente, para o Teatro de Bonecos. Espalhado por todas as épocas e por todos os lugares do mundo, o Teatro de Animação funde linguagens cênicas, mistura modernidade e tradição, mistura erudição e popularidade, tem como palco qualquer espaço e tem como alvo públicos de todas as idades e grupos sociais, um de cada vez ou todos de uma só vez. Em São Paulo, no entanto, vemos poucos espetáculos que exploram a linguagem do Teatro de Animação para adultos, por sua inviabilidade econômica, o que, muitas vezes, não acontece quando o Teatro de Animação se dirige ao público infantil. O SOBREVENTO é um dos poucos Grupos de Teatro de Animação do Brasil que se têm dedicado ao público adulto e, sempre, com grande profundidade e êxito. O Grupo tem lutado por difundir a ideia de que o Teatro de Bonecos deve ser antes Teatro e depois de Bonecos e que toda técnica deve estar a serviço daquilo que se quer dizer. Dominando um grande número de técnicas de animação, o Grupo montou, entre outros, os espetáculos SUBMUNDO, UBU!, O THEATRO DE BRINQUEDO, BECKETT, O CABARÉ DOS QUASE-VIVOS, QUASE NADA e ORLANDO FURIOSO, apresentados em quase todos os estados do Brasil e em países de quatro continentes.



Ficha técnica
Texto: Miguel de Unamuno Direção e Dramaturgia: Luiz André Cherubini e Sandra Vargas Elenco: Sandra Vargas, Luiz André Cherubini, Maurício Santana, Rafael Brides ou Carlos Amaral (violão), William Guedes (bandolim) e Marina Estanislau ou Jorge Santos (violoncelo) Composição Musical Original: Henrique Annes Cenário: Luiz André Cherubini Supervisão Cênica e Ambientação Cenográfica: Telumi Helen Figurino: João Pimenta Iluminação: Renato Machado Cenotécnico e Técnico de Som: Agnaldo Souza Técnico de Iluminação: Marcelo Amaral Esculturas dos Bonecos: Mandi Instalação no Foyer: Povo Frágil, de Antonio Catalano, e A Árvore da Fé, de Agnaldo Souza e Mandi Assistente de Confecção (Povo Frágil): Valerio Catalano Preparação Vocal: Alessandra Cino Preparação Corporal: Marcelo Paixão Direção de Produção: Grupo Sobrevento Produção Executiva: Lucia Erceg Programação visual: Marcos Correa | Ato Gráfico Assessoria de imprensa: Márcia Marques | Canal Aberto Apoio Montagem: Henrique de Lemos Silva  



Para roteiro:

SÃO MANUEL BUENO, MÁRTIR – Estreia dia 17 de janeiro, quinta-feira, às 21 horas, no ESPAÇO SOBREVENTO. A montagem fica em cartaz de quinta a domingo – quintas e sextas, às 21h, sábados e domingos, às 20h –, de 17 de janeiro a 31 de março. Haverá sessões extras nos dias 23, 24, 30 e 31/03, às 18h. A ENTRADA É FRANCA. 60 lugares.
ESPAÇO SOBREVENTO – Rua Coronel Albino Bairão, 42 – a duas quadras do Metrô Bresser-Mooca. Maiores informações através do site www.sobrevento.com.br
Reservas podem ser feitas a partir do dia 2 de janeiro pelo telefone  (11) 4328-3589 e (11) 96337-5013 ou pelo e-mail info@sobrevento.com.br.
CONTATO IMPRENSA:
Márcia Marques | Canal Aberto - (11) 2914-0770 - marcia@canalaberto.com.br

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Teatro para Bebês: Meu Jardim, grátis, no dia 24/11



Grupo Sobrevento participa da MOSTRA FOMENTO AO TEATRO - 10 ANOS com o espetáculo MEU JARDIM, recomendado para bebês de 6 meses a 3 anos


A apresentação acontece no ESPAÇO SOBREVENTO (Rua Coronel Albino Bairão, 42) no sábado, 24/11, às 11h, com ENTRADA FRANCA.

Entediado, em meio a um deserto, um viajante decide criar um jardim. Mas como fazê-lo? A partir do texto da autora belga de origem iraniana Mandana Sadat, o Grupo Sobrevento compõe um espetáculo que fala de esperança, de sonho, do desejo e da possibilidade de transformar o mundo, em uma paisagem que poderia ser o Irã, como poderia ser o Brasil. A montagem utiliza elementos visuais e sonoros próprios da cultura brasileira, que a aproximam da cultura iraniana e que, curiosamente, parecerão familiares a cidadãos de todo o mundo. A estrutura do texto original - publicado em um livro que se lê em idioma ocidental da esquerda para a direita e que se lê em persa da direita para a esquerda, compondo duas histórias semelhantes porém diferentes - mantém-se nesta montagem, com a construção e a desconstrução do jardim. Uma desconstrução que deixa, entretanto, uma semente como presente de esperança e de possibilidade de recriação, ao alcance de todos nós. Para o Grupo Sobrevento, criar um mundo, um jardim, do nada, no nada, como o faz em seu espetáculo, como o fez Mandana Sadat ao escrever o seu livro, como fez o público ao ter os seus bebês, é a crença de que há um mundo bonito a ser construído e que a vida, definitivamente, vale a pena.




Reserve seu ingresso pelo e-mail info@sobrevento.com.br ou pelo telefone (11) 3399-3589. A entrada é franca.

Confira a programa completa da MOSTRA FOMENTO AO TEATRO - 10 ANOS clicando AQUI


terça-feira, 16 de outubro de 2012

III SEMANA INTERNACIONAL DE TEATRO DE ANIMAÇÃO DO SOBREVENTO

E o tempo passou e o mundo mudou e o peso das vozes fortes, das ideias fixas, das verdades absolutas, das certezas, das arbitrariedades, dos pulsos firmes revelou a sua inconsistência. Novos ventos vêm varrendo dogmas, preconceitos, machismo, racismo, cartesianismo, aristotelismo, pontas de peixeira, aristocracias, tradições, hábitos, inflexibilidades políticas, econômicas, filosóficas, estéticas, morais e religiosas.

Sussurrada pelo italiano Antonio Catalano, ressoada pela cia. espanhola La Casa Incierta, segredada pelo francês Eric de Sarria, ressoprada pela belga Agnès Limbos, criada a pão de ló pelos espanhóis Hermanos Oligor, flutuando pelo ar nos quatro cantos do mundo, em uma conspiração de artistas, a ideia da fragilidade veio aninhar-se em nós. Esta Mostra – ela mesmo tão frágil, tão delicada, tão vulnerável, tão instável – é a reunião de espetáculos de países e Culturas muito diferentes, de seres humanos muito parecidos. É um encontro de dúvidas – que são a própria alma da Arte – e não uma demonstração da força do Teatro de Animação. É a reunião de frutos delicados de uma árvore cultivada com muito cuidado, oferecidos a quem queira e saiba apreciar sabores sutis, aromas suaves e cores tênues. Frutos raros, oferecidos aos companheiros. E companheiros não são aqueles dos gritos, das palavras de ordem, das imposições: são, desde sempre, os que acompanham, os que comem, juntos, o mesmo pão.

Grupo Sobrevento


O GRUPO SOBREVENTO realiza de 3 a 11 de novembro a III SEMANA INTERNACIONAL DE TEATRO DE ANIMAÇÃO, no Espaço Sobrevento (Rua Coronel Albino Bairão, 42 - Metrô Bresser-Mooca), em São Paulo. A programação tem ENTRADA FRANCA e traz 6 das mais destacadas companhias contemporâneas de Teatro de Animação de 4 países (Art Stage SAN – Coreia, Crazy Body Group – Irã, Cia. Rocamora – Espanha, Hermanos Oligor – Espanha, Playground – Espanha e Antonio Catalano – Itália) em apresentações, debates, mesas-redondas e oficinas. Do Brasil, a programação contará com as Cias. Ventoforte, Quase Cinema e com o próprio Sobrevento, totalizando 13 apresentações e trazendo como tema a questão da FRAGILIDADE, pesquisa que o grupo pretende desenvolver em projeto contemplado este ano pelo Programa de Fomento ao Teatro. Clique AQUI e saiba mais sobre o projeto.


A SEMANA INTERNACIONAL DE TEATRO DE ANIMAÇÃO DO SOBREVENTO é o único evento internacional de Teatro de Animação na cidade de São Paulo, apesar de aqui se encontrar um dos maiores movimentos de Teatro de Bonecos do país. Além de apresentar alguns dos espetáculos mais provocadores da produção recente do Teatro de Animação, a III SEMANA INTERNACIONAL DE TEATRO DE ANIMAÇÃO DO SOBREVENTO será um espaço de intercâmbio e de formação de público e de artistas: abrigará uma oficina internacional – ministrada pela Cia. Playground da Espanha - e um workshop, ministrado pela Cia. Quase Cinema, debates sobre o processo de criação de cada companhia e 2 mesas-redondas. Todas as atividades acontecerão no ESPAÇO SOBREVENTO, a única sala da cidade dedicada exclusivamente ao Teatro de Animação.

A programação tem a curadoria do GRUPO SOBREVENTO – que comemora, em 2012, 25 anos dedicados à pesquisa e à difusão do Teatro de Animação, reconhecido internacionalmente – e apresenta espetáculos do mais alto nível, provocadores e raros de se ver, contribuindo na formação de artistas e público, através da troca de experiências, da abertura dos seus processos de pesquisa e de debates sobre as particularidades de cada trabalho. Duas das cinco companhias que fazem parte da programação estarão pela primeira vez no Brasil. O festival conta com o Copatrocínio da Korea Foundation e o apoio do Ministério da Cultura, INAEM e Iberescena. Uma realização do Grupo Sobrevento com o apoio do PROGRAMA MUNICIPAL DE FOMENTO AO TEATRO PARA A CIDADE DE SÃO PAULO. A Petrobras é patrocinadora do Grupo Sobrevento.

3 e 4/11 – 16h (sábado e domingo) – Tic Tac Tic Tac – Antonio Catalano | Itália
Classificação: 6 meses a 3 anos
(reserve seu ingresso pelo e-mail info@sobrevento.com.br ou ligue 3399-3589)

Microcontos, pequenas ações, movimentos delicados, sussurrados, sem palavras, falam do tempo que passa e do tempo que fica, em histórias escondidas em relógios especiais. Há muito tempo, Antonio Catalano – palhaço, ator, músico e artista plástico consagrado na Itália, dono de um trabalho prolífico e singular – teoriza e pratica o abandono da ideia tradicional de espetáculo, realizando um novo tipo de encontro artístico com os pequenos “espectadores”, nos quais busca provocar experiências vitais. Com o uso fantástico de objetos naturais e da vida cotidiana (relógios, brinquedos, folhas, ramos), entre cenas, pinturas e esculturas – em um cenário que reinventará ao chegar ao Brasil, com materiais daqui –, o artista, que só viaja com uma pequena mala, consegue criar mundos estranhos e maravilhosos.


3 e 4/11 – 20h (sábado e domingo) –  As Tribulações de Virginia – Hermanos Oligor | Espanha – Classificação: Adulto

* a apresentação do dia 3/11 será seguida de debate

Por três anos e meio, os irmãos Oligor estiveram fechados em um porão, inventando bonecos, traquitanas, autômatas animados por roldanas e pedais, brinquedos mecânicos e máquinas. Para tratar das feridas de uma relação sem final feliz, terminaram por envolver toda uma cidade em uma aventura que, só depois de muito tempo, viu a luz – real – do sol. Acionando os diferentes e incríveis mecanismos, Valentín nos confidencia, no seu porão, a sua história: a história muito pessoal e verdadeira, de amor e desamor, que inventou.



5/11 – 16h (segunda) – MESA-REDONDA ~ A Fragilidade do Mundo e das Pessoas:
o Teatro para Crianças Hoje, com Antonio Catalano (Itália), Art Stage SAN (República da Coreia), Ventoforte e Sobrevento (Brasil)

5 e 6/11 – 20h (segunda e terça) – A História de Dallae – Art Stage SAN | Coreia 
Classificação: Todo público

* a apresentação do dia 5/11 será seguida de debate

Misturando Teatro de Bonecos e Dança, a peça, sem palavras, conta a história de uma família durante a Guerra da Coreia, em 1950, sob o olhar de uma criança – Dallae. Tocante e poético, o espetáculo não fala propriamente da guerra, mas dos esforços de uma família para superar as dificuldades naquele tempo difícil e nos deixa compreender um pouco do que é a Coreia, de forma sensível e delicada, lembrando-nos da esperança e da capacidade de superação do homem, mesmo quando a violência e a brutalidade estão à porta. Tendo viajado por diferentes países da Europa e da Ásia, esta apresentação marca a estreia nas Américas desta que é a mais destacada companhia coreana de Teatro de Animação contemporâneo e que ganhou, com este espetáculo, alguns dos maiores prêmios mundiais do Teatro de Animação.


6, 7 e 8/11 – das 9h às 12h (terça a quinta) – OFICINA: EXPLORAÇÃO DO OBJETO VINCULADO AO CORPO, AO CONFLITO E À MEMÓRIA, com Xavier Bobés | Cia. Playground (Espanha)

O universo dos objetos revela aos atores numerosos enigmas sobre o que os cerca e sobre eles mesmos. Esta oficina não poderá revelá-los e decodificá-los completamente, mas apresentará o potencial do objeto e jogará com suas possibilidades e exercícios cênicos. CONFIRA A LISTA DE SELECIONADOS:

Cristina Rangel Nascimento, Janaina Ribeiro,  Kelly Orasi, Roberto Ferreira da Silva, Aluízio Augusto Carvalho Santos, Jose Valdir Albuquerque-Ze Valdir,  Sueli Andrade, Juliana Silveira Derretine, Gustavo Martins, Flavio Amado, Márcia Nunes, Bruna Santana Amado Lima, Andreza Domingues, Léia Izumi, Mauro R. Rodrigues, Sílvia Pinheiro Brunello, Rodrigo Româo Batista, Maíra Martins Frois, Cleber Laguna, Chantal Mailhac.

ATENÇÃO: OS SELECIONADOS DEVEM CONFIRMAR SUA PRESENÇA POR E-MAIL PARA EFETIVAR SUA SELEÇÃO.


7/11 – 20h (quarta) – A Cabeça nas Nuvens – Cia. Playground | Espanha
Classificação: Adulto

* a apresentação será seguida de debate

A Cabeça nas Nuvens é uma criação do catalão Xavi Bobès, com a direção do francês Eric de Sarria, que transita entre o Teatro e as Artes Plásticas e que se vale de objetos, de coisas, para revelar a brincadeira dos adultos no mundo. Como uma criança, a manipulação dos objetos, de forma casual, transforma estes brinquedos nos personagens principais do espetáculo, representando as vivências de uma mulher a partir do dia em que é abandonada pela pessoa que ama. O espectador não ouve uma história, mas poderá viver todo o processo de adaptação da personagem: a solidão, as lembranças, os desejos frustrados, o desconsolo e as novas paixões. Xavi Bobès propõe um espetáculo pouco comum, delicado, sutil e, exatamente por isto, provocador. Fundada em 2003, a Cia. Playground aborda o Teatro como um jogo cênico a partir de uma pesquisa centrada nos objetos cotidianos.


8/11 – das 17h às 19h (quinta) – WORKSHOP: LABORATÓRIO – SIMULACRO DAS SOMBRAS, com Ronaldo Robles | Cia. Quase Cinema (SP)

O laboratório das sombras é um espaço para experimentação e reflexão sobre o teatro de sombras contemporâneo e as novas descobertas da Cia Quase Cinema para um teatro de sombras na rua. Ronaldo Robles esteve no Teatro Gioco Vita, na Itália, no primeiro intercâmbio-residência oferecido pelo mestre Fabrizio Montecchi. Após a oficina, Ronaldo coordenará uma sessão de projeções, demonstrando o resultado do workshop. Uma realização da Cia. Quase Cinema com o patrocínio do Ministério da Cultura - Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura. CONFIRA A LISTA DE SELECIONADOS:

Daiane Baumgartner, Chris M. Brito, Flávia Schiavo, Eduarda Ohoe, Ana Cancello, Roberto Ferreira da Silva, Afonso Braga da Costa Junior, Fabiana Marchezzi, Márcio Lozzano, Juliana Pedreira, Aluízio Augusto Carvalho Santos, Juliana Silveira Derretine, Vera Sebastiana, Diego Nogueira Dávila, Sílvia Pinheiro Brunello, Marcia Fernandes, Cleber Laguna, Regiane Menezes Celloni Capato, Tomaz Auricchio, Gisélia “Ballet”, Marcelo Tupinambá.

ATENÇÃO: OS SELECIONADOS DEVEM CONFIRMAR SUA PRESENÇA POR E-MAIL PARA EFETIVAR SUA SELEÇÃO.

8 e 9/11 – 20h (quinta e sexta) – Pequenos Suicídios – Cia. Rocamora | Espanha
Classificação: Adulto

* a apresentação do dia 8/11 será seguida de debate

Pequenos Suicídios é o famoso espetáculo do húngaro Gyula Molnár, considerado por muitos a primeira montagem de Teatro de Objetos. Apresentado pelo ator catalão Carles Cañellas, a quem o autor confiou o espetáculo, desde que desistiu de viajar. Este espetáculo em três quadros alcançou muito sucesso nos anos 80, em muitos países, e ainda hoje é uma obra cultuada pelos especialistas, que continua a surpreender e emocionar o público de hoje. Alka-Seltzer é uma tragédia na qual um remédio efervescente procura escapar de seu destino. Pita e Jörg revela a paixão de um fósforo sueco por uma semente de café brasileira, exótica, fascinante e encantadora. O Tempo, a poesia tragicômica que encerra o espetáculo, é uma paródia sobre o inexorável passar dos anos. Pequenos Suicídios caminha sobre o arame fino que separa o Teatro de Atores e o Teatro de Bonecos.


9/11 – 16h (sexta) – MESA-REDONDA ~ A Fragilidade do Teatro: o Teatro de Animação e as outras Artes, com o Crazy Body Group (Irã), as companhias Rocamora, Playground e Hermanos Oligor (Espanha)

10/11 – 16h (sábado) – Um Rio que vem de Longe – Teatro Ventoforte | Brasil 
Classificação: Infantil

Um pequeno barco ancorado, que nunca tinha navegado, apaixona-se por uma flor que a correnteza levava. Quando o barquinho consegue libertar-se, é levado pelas correntezas, como a flor, e quase naufraga no mar. É salvo por um marinheiro, que lhe ensina a usar a âncora e a saber parar em frente aos que ama. O espetáculo explora a linguagem, os rituais e o imaginário das festas populares a é apresentado desde 1963. O Teatro Ventoforte é considerado pela crítica um marco para o teatro para crianças no Brasil. Na sua trajetória, já apresentou trinta espetáculos, que somam mais de cinquenta dos prêmios de Teatro mais importantes do país.

10 e 11/11 – 20h (sábado e domingo) – Presente Misterioso | Barro
Crazy Body Group | Irã
Classificação: Adulto

* a apresentação do dia 10/11 será seguida de debate

Yaser Khaseb é um artista raro, que transita entre a Dança e o Teatro de Animação e que amalgama influências de grandes artistas da Austrália, Brasil, de Israel. Quase desconhecido dos brasileiros, o teatro iraniano é muito rico, antigo, profundo e avançado e seus jovens artistas, dinâmicos, inquietos e inovadores. Khaseb apresenta dois espetáculos diferentes, que revelam seu virtuosismo e inventividade e que discutem o Teatro de Bonecos em uma encenação moderna, performática, que fala da batalha do artista consigo mesmo, com o mundo que o cerca, com suas criações. Premiado no Irã, seu trabalho vem ganhando reconhecimento em diferentes países europeus e afirmando-se em um país onde a Arte se expressa com uma coragem e uma força admiráveis.


11/11 – 16h (domingo) – Meu Jardim – Grupo Sobrevento | Brasil
Classificação: 6 meses a 3 anos 
(reserve seu ingresso pelo e-mail info@sobrevento.com.br ou ligue 3399-3589)

Entediado, em meio a um deserto, um viajante decide criar um jardim. Mas como fazê-lo? A partir do texto da autora belga de origem iraniana Mandana Sadat, o Grupo Sobrevento compõe um espetáculo que fala de esperança, de sonho, do desejo e da possibilidade de transformar o mundo, em uma paisagem que poderia ser o Irã, como poderia ser o Brasil. A montagem utiliza elementos visuais e sonoros próprios da cultura brasileira, que a aproximam da cultura iraniana e que, curiosamente, parecerão familiares a cidadãos de todo o mundo. A estrutura do texto original - publicado em um livro que se lê em idioma ocidental da esquerda para a direita e que se lê em persa da direita para a esquerda, compondo duas histórias semelhantes porém diferentes - mantém-se nesta montagem, com a construção e a desconstrução do jardim. Uma desconstrução que deixa, entretanto, uma semente como presente de esperança e de possibilidade de recriação, ao alcance de todos nós. Para o Grupo Sobrevento, criar um mundo, um jardim, do nada, no nada, como o faz em seu espetáculo, como o fez Mandana Sadat ao escrever o seu livro, como fez o público ao ter os seus bebês, é a crença de que há um mundo bonito a ser construído e que a vida, definitivamente, vale a pena.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Companhia italiana La Capra Ballerina apresenta DORME


O espetáculo Dorme, concebido por Laura Bartolomei, é como uma dança lenta, sustentada pela técnica de marionetes de pulso. Uma menina vai dormir e inicia uma viagem dentro de seus sonhos e pesadelos, belezas e medos: peixes com cara de humanos que voam; a descoberta do seu próprio eu saindo de um closet; a descoberta da luz, das sombras, de suas próprias mãos; o encontro com a morte do seu gato de estimação e o ritual de enterrar o animal; a queda na água e a sensação própria de morte apenas a tempo de acordar e perceber que era um sonho. De que maneira somos conscientes de nossa criatividade noturna?


A marionete de pulso de Vladimir Zakharov - por Laura Bartolomei

Quando eu vi esse tipo de marionete durante um espetáculo de Vladimir Zakharov, em 2005, senti um forte laço, estreito, que veio do meu estômago, um laço visceral, e tive um grande desejo de aprender a construí-la e manipulá-la . Quando nos tornamos amigos, Vladimir insistiu em ensinar-nos como construí-la e após três anos de muita insistência decidi usar essa técnica no meu espetáculo - isto porque pensava que pertencia a ele, somente. Este boneco para mim representa o ponto de encontro entre tecnologia e arte, realizado em pequena escala. O pulso movimenta a marionete de uma forma extraordinariamente natural,
fazendo você esquecer o emaranhado muito complicado de aço e cordas utilizados na construção. Você veste e ela responde. A estreita relação que estabelece entre o boneco, a mão e o braço do marionetista
intriga-me muito: é uma marionete de mesa, mas não pode ir mais longe do que o seu braço alcança. O limite é o meu corpo. É um boneco muito dependente e, ao mesmo tempo, parece que o marionetista tornar-se dependente dele também. Eu não pude pensar em outro tipo de boneco para este espetáculo, pois parece que é o alterego ideal de mim mesmo, movendo-se na dimensão onírica dos meus sonhos como uma criança, enquanto eu também sou a pessoa que acompanha o boneco, como se fosse o seu diretor (inconsciente e adulto), desses sonhos.



Como nasceu este espetáculo - por Laura Bartolomei

Assistindo meus filhos dormir, seus rostos tão confiantes e relaxados, mas sabendo que muitas vezes eles tem sonhos selvagens, pensava em mim mesma, no meu passado, quando eu era uma menina. Surpreendentemente lembrei-me de muitos dos meus sonhos, e percebi o quanto isto é importante na minha vida. Tenho fascínio pelo fato de que nós podemos inconscientemente dirigir nossos próprios sonhos, algo próximo a um filme, e como isto afeta nossa vida racional quando a luz do dia vem. Este espetáculo é uma investigação sobre os sonhos como uma grande parte da nossa vida, outra vida que vem à tona quando o intelecto e a racionalidade estão descansando. Mais especificamente, quer investigar os sonhos de uma menina muito jovem. O desafio é colocar em cena algo tão pessoal, imponderável e etéreo, que é tão importante na minha vida, como os sonhos e pesadelos, e torná-lo real, visível e, possivelmente, "aprazível" para o público.



Ficha técnica:

Concepção e interpretação: Laura Bartolomei
Bonecos e cenário: James Davies e Laura Bartolomei
Música original: Stefano Zazzera
Direção: Juliana Notari e Laura Bartolomei


Espetáculo vencedor do concurso in-produzione 2011 - Festival Immagini Dell Interno, Pinerolo, Itália. Uma co-produção do Festival Immagini Dell Interno, Moody Mammoth Studio, Duoanfibios e a Lacapraballerina. Clique AQUI e saiba mais sobre a companhia.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

CIA. DO TIJOLO APRESENTA “CONCERTO DE ISPINHO E FULÔ”


O ESPETÁCULO, QUE SERÁ APRESENTADO SOMENTE NO DIA 8 DE SETEMBRO, ÀS 20H, COM ENTRADA FRANCA, ENCENA O UNIVERSO DO POETA PATATIVA DO ASSARÉ



Concerto de Ispinho e Fulô, espetáculo vencedor do Prêmio Shell de Teatro de melhor música e indicado pela ousadia em sua criação. Unindo a poética de Patativa do Assaré às concepções éticas e filosóficas do educador Paulo Freire, e somando-se às experiências pessoais dos atores, resulta num espetáculo sensível e emocionante.

A ‘Rádio Caldeirão, conexão São Paulo/Assaré’, inicia sua homenagem ao
poeta Patativa do Assaré e ao Sítio Caldeirão de Santa Cruz dos Desertos.
No centro do palco, o poeta Patativa nasce dos escombros do Sítio Caldeirão.
Uma companhia de teatro vinda de São Paulo faz uma viagem no tempo e
chega ao Cariri com o objetivo de entrevistar Antonio Gonçalves da Silva, o
Poeta. À medida em que Patativa engendra seus versos, desfilam diante dos
olhos do público as dores da seca, os animados bailes de sua gente, a
receptividade do sertanejo, a graça de suas histórias, seus desejos e suas
inquietações, suas esperanças e desilusões. O que seria uma entrevista
costumeira, se transforma em um grande passeio, um verdadeiro encontro
entre  seres humanos e entre dois mundos tão próximos e ao mesmo tempo
tão distantes: São Paulo-Assaré/Brasil.

“Concerto de Ispinho e Fulô”, espetáculo brotado da vida e da obra do
poeta Patativa do Assaré sob a ótica das concepções do educador Paulo
Freire acerca da formação do sujeito consciente, traz à tona a sua incansável
e constante luta pelos direitos igualitários entre os homens, a exaltação à
natureza e a sua adorada terra, a irreverência poética. Este é um espetáculo
no qual os espectadores participam como se estivessem no quintal da casa
do Poeta, tomando café, dando seus depoimentos, iluminando a cena e
cantando. É um espetáculo envolvente e emocionante. 

As músicas do “Concerto de Ispinho e Fulô” são executadas ao vivo por um
violão, uma viola, um acordeom e percussão. A escolha das músicas foi feita
com base em uma pesquisa sobre as sonoridades do sertão e nas cantigas que vem de muitas gerações do povo brasileiro, e passa por compositores como Luiz  
Gonzaga, Nelson Cavaquinho e Adoniran Barbosa, entre outros, além de
composições inéditas de Jonatan Silva.

“Concerto de Ispinho e Fulô” é mais que contar causos com a graça própria
dos poemas de Patativa. É também apresentar, para o público que não
conhece este grande poeta, a sua causa humanista e universal, o seu lirismo
incomum, a sua capacidade de expressão no campo musical e, sobretudo, a
perspicácia de quem vive as peculiares circunstâncias do seu sertão,
interpretando como poucos os sentimentos de sua gente.

Não se trata, no entanto de um espetáculo biográfico. É, antes de mais nada,
uma apologia à vida elevada ao estado de poesia pura, ao poder da poesia
que tem como linha mestra a comunicação direta e pungente; é também uma
reflexão sobre a identidade sertaneja em contraste com o estilo de vida nas
grandes cidades. 



Sobre Patativa do Assaré
De Antônio Gonçalves da Silva a Patativa do Assaré. Do homem ao Poeta.

“Sou brasileiro filho do nordeste.
Sou cabra da peste, sou do Ceará”.

Que trajetória percorre um homem semi-analfabeto com todo um mundo
contra si, até atingir a poesia?  Gênio, genética, sorte, estado de graça? Pode,
essa trajetória ética/estética se destrinchada interessar a nós, habitantes das
grandes cidades do século 21? Aí está a razão de nosso trabalho.
Acreditamos que sim e essas perguntas são os motores primeiros de nossas
pesquisas.
As penas acinzentadas, as asas e cauda pretas da patativa, pássaro cantador
que habita o Nordeste brasileiro, batizaram o poeta Antônio Gonçalves da
Silva, conhecido como Patativa do Assaré. Patativa, poeta autodidata, ganhou
projeção em todo o Brasil nos anos 50 por ocasião da regravação de "Triste
Partida", toada de retirante gravada por Luiz Gonzaga. Filho de agricultores,
Patativa do Assaré nasceu no dia 5 de março de 1909 em Serra de Santana.
Cedo, o menino Antonio Gonçalves da Silva teve que se dedicar a roça,
espaço síntese de labor e criação, onde natureza e cultura dialogavam e se
ofereciam como laboratório para o menino.
O menino logo cedo começou a perder a visão, vítima de uma doença
chamada por ele de “mal dos olhos”.  Curioso de tudo o que havia em volta e
além, o pequeno Patativa ensaiava seus vôos versejando enquanto carpia. A
idade adulta chegou com o mesmo cenário com as mesmas dificuldades, mas
com vôos mais altos: poesia difundida em livros, em discos, em filmes e
objeto de análise em universidades e uma legião cada vez maior de
admiradores e fãs. Sua poesia denunciou e denuncia as injustiças sociais,
que somadas ao clima pouco favorável do sertão, fazem a tragédia cotidiana
do povo sertanejo. Mas Patativa também falou do amor, do vício, contou
histórias, tratou enfim da experiência humana. Faleceu no ano de 2002 em
Assaré.
A vida e a obra de Patativa vêm despertando cada vez mais o interesse de
pesquisadores, com publicações de antologias, estudos críticos e produções
audiovisuais. Poeta itinerante, criador de imagens definitivas, como “Brasil de
Cima e Brasil de Baixo”, pioneiro na luta pela Reforma Agrária no país,
convencionou-se afirmar que “o que faz a força e o sabor da poesia de
Patativa é, sem dúvida, o vínculo indestrutível entre o poeta, o sertão e o
público”. Por isso, este espetáculo busca trazer à tona, através de seus
versos, a dramaticidade pungente da lira e da vida pessoal do Trovador do
Assaré, seus elementos musicais, e a atmosfera do sertão. 

Patativa, poeta humanista, homem simples e profundo. Através de suas
trovas transmuta em arte o sofrimento de um povo. Cantar e contar sua
poesia e suas histórias é proporcionar aos espectadores a oportunidade de
reviver sua própria história através de um resgate musical, sonoro e poético.
Em um Brasil que ainda tem suas raízes fincadas no jeito simples de se viver,
na generosidade interiorana de se receber um estranho, na religiosidade e no
silêncio para entender tanto as vozes dos pássaros como as vozes Deus, a
poesia de Patativa é uma travessia do regional para o universal, tocando cada
espectador por sua graça e sua por pungência.



Sobre a Cia. do Tijolo 
Patativa, Paulo Freire, e a Cia. do Tijolo
Por Rodrigo Mercadante 
A idéia de fundar a Cia. Do Tijolo surgiu do desejo de Dinho Lima Flor de criar
um trabalho sobre a vida e a obra do poeta Patativa do Assaré. Juntaram-se a
ele Fabiana Vasconcelos Barbosa e Rodrigo Mercadante. De um primeiro
contato com seus poemas, nasceu o show “Cante Lá que eu Canto Cá”, uma
espécie de sarau literário e musical. Mas não foi o bastante. Na medida em
que se aprofundavam na obra do poeta , perceberam que o Show não era o
suficiente para abarcar a complexidade da obra, e principalmente, não
revelava ao público a singularidade da trajetória de vida desse agricultor,
poeta e cantador.
Foi a partir desse desejo de mergulhar a fundo na vida e na obra do Poeta
que formou-se um grupo de pessoas interessadas em descobrir qual seria a
melhor forma de levar Patativa aos palcos. Era preciso que se encontrasse
um ponto de vista, um ponto de partida para poder LER Patativa e encará-lo
sem se perder na infinidade de assuntos dos quais ele trata ou sem cair na
tentação de simplesmente dramatizar sua biografia.
A luz veio em uma conversa entre Rodrigo Mercadante, o diretor Ilo Krugli e a
educadora Rita Roseno em Theotônio Villela, cidade com um baixíssimo
índice de desenvolvimento humano localizada no interior de Alagoas. De uma
conversa sobre o fato de o Brasil possuir um dos maiores índices de
analfabetismo funcional do mundo veio o  assombro com a contradição de
esse fato acontecer no país onde o grande educador Paulo Freire
desenvolveu  sua pedagogia do oprimido. A Pedagogia do Oprimido consiste em partir da realidade do alfabetizando, do valor pragmático das coisas, de
suas situações existenciais, para fazê-lo alçar vôo em direção ao
entendimento de seu lugar, enquanto sujeito da história.
A conexão se fez imediatamente. Patativa foi um homem que estudou só seis
meses e desenvolveu extraordinariamente em si as possibilidades poéticas,
práticas, reflexivas no manejo da língua . Qual caminho percorreu Antônio
Gonçalves da Silva até alçar vôo e chegar à Patativa? Talvez as concepções
de Paulo Freire sobre o conhecimento e sobre o ser humano nos desse um
norte para a leitura e análise da obra do mestre cearense.
E é aí que se explica o nome do grupo Cia. Do Tijolo. O primeiro passo no
processo de alfabetização do método criado por Paulo Freire é o
levantamento do universo vocabular dos grupos com que se trabalha; são
palavras ligadas às experiências existenciais, profissionais e políticas dos
participantes dos diferentes grupos. Foi assim que em Brasília, cidade ainda
em construção nos anos 60, surgiu entre os estudantes de Paulo Freire a
palavra TIJOLO. 
Para essa empreitada, essa aventura de criar um trabalho conjunto, vieram
Rogério Tarifa, Karen Menatti, Aloísio Oliver, Maurício Damasceno, Jonathan
Silva, Thais Pimpão. Com eles, as histórias pessoais e profissionais de cada 
um. Vieram as experiências com  Ventoforte, Casa Laboratório para as Artes
do Teatro e Cia. São Jorge. Vieram Tacaimbó, Belo Horizonte,  Maringá,
Vitória e  São Paulo. E hoje, a Cia. do Tijolo vive a aventura de construir o que
é a Cia. Do Tijolo. Por enquanto a Cia. do Tijolo é um recém nascido que
tateia e deseja. Tijolo é sua palavra geradora, seu princípio de orientação na
construção do “Concerto de Ispinho e Fulô”

Para Roteiro
CONCERTO DE ISPINHO E FULÔ
Dramaturgia: Cia. do Tijolo a partir da vida e da obra do poeta Patativa do Assaré.
Direção: Rogério Tarifa – Atores: Dinho Lima Flor, Fabiana Vasconcelos Barbosa, Karen Menatti, Rodrigo Mercadante e Thais Pimpão - Músicos: Aloísio Oliver, Jonathan Silva, Maurício Damasceno - Direção Musical: William Guedes - Figurino e Cenografia: Silvana Marcondes - Desenho de Luz: Fábio Retti - Composições: Jonathan Silva e Dinho Lima Flor – Coreografia: Jorge Garcia - Preparação Vocal: Rodrigo Mercadante - Consciência corporal: Erika Moura - Apoio Teórico: Iná Camargo Costa - Programação Visual: Fábio Vianna – Fotos: Alécio Cezar. Produção: Juliana Gomes.
Duração: 140 minutos. Espetáculo recomendável para maiores de 14 anos.

Única apresentação no Espaço Sobrevento: 8/9, sábado, 20h - ENTRADA FRANCA
Rua Coronel Albino Bairão, 42 - Metrô Bresser-Mooca
Informações e reservas: info@sobrevento.com.br | 3399-3589