O ESPETÁCULO, QUE SERÁ APRESENTADO SOMENTE NO DIA 8 DE SETEMBRO, ÀS 20H, COM ENTRADA FRANCA, ENCENA O UNIVERSO DO POETA PATATIVA DO ASSARÉ
A ‘Rádio Caldeirão, conexão
São Paulo/Assaré’, inicia sua homenagem ao
poeta Patativa do Assaré e
ao Sítio Caldeirão de Santa Cruz dos Desertos.
No centro do palco, o poeta
Patativa nasce dos escombros do Sítio Caldeirão.
Uma companhia de teatro
vinda de São Paulo faz uma viagem no tempo e
chega ao Cariri com o
objetivo de entrevistar Antonio Gonçalves da Silva, o
Poeta. À medida em que
Patativa engendra seus versos, desfilam diante dos
olhos do público as dores da
seca, os animados bailes de sua gente, a
receptividade do sertanejo,
a graça de suas histórias, seus desejos e suas
inquietações, suas
esperanças e desilusões. O que seria uma entrevista
costumeira, se transforma em
um grande passeio, um verdadeiro encontro
entre seres humanos e entre dois mundos tão
próximos e ao mesmo tempo
tão distantes: São
Paulo-Assaré/Brasil.
“Concerto de Ispinho
e Fulô”, espetáculo brotado da vida e da obra do
poeta Patativa do Assaré sob
a ótica das concepções do educador Paulo
Freire acerca da formação do
sujeito consciente, traz à tona a sua incansável
e constante luta pelos
direitos igualitários entre os homens, a exaltação à
natureza e a sua adorada
terra, a irreverência poética. Este é um espetáculo
no qual os espectadores
participam como se estivessem no quintal da casa
do Poeta, tomando café,
dando seus depoimentos, iluminando a cena e
cantando. É um espetáculo
envolvente e emocionante.
As músicas do “Concerto
de Ispinho e Fulô” são executadas ao vivo por um
violão, uma viola, um
acordeom e percussão. A escolha das músicas foi feita
com base em uma pesquisa
sobre as sonoridades do sertão e nas cantigas que vem de muitas gerações do
povo brasileiro, e passa por compositores como Luiz
Gonzaga, Nelson Cavaquinho e
Adoniran Barbosa, entre outros, além de
composições inéditas de
Jonatan Silva.
“Concerto de Ispinho
e Fulô” é mais que contar causos com a graça própria
dos poemas de Patativa. É
também apresentar, para o público que não
conhece este grande poeta, a
sua causa humanista e universal, o seu lirismo
incomum, a sua capacidade de
expressão no campo musical e, sobretudo, a
perspicácia de quem vive as
peculiares circunstâncias do seu sertão,
interpretando como poucos os
sentimentos de sua gente.
Não se trata, no entanto de
um espetáculo biográfico. É, antes de mais nada,
uma apologia à vida elevada
ao estado de poesia pura, ao poder da poesia
que tem como linha mestra a
comunicação direta e pungente; é também uma
reflexão sobre a identidade
sertaneja em contraste com o estilo de vida nas
grandes cidades.
Sobre Patativa do
Assaré
De Antônio Gonçalves
da Silva a Patativa do Assaré. Do homem ao Poeta.
“Sou brasileiro filho do
nordeste.
Sou cabra da peste, sou do
Ceará”.
Que trajetória percorre um
homem semi-analfabeto com todo um mundo
contra si, até atingir a
poesia? Gênio, genética, sorte, estado
de graça? Pode,
essa trajetória
ética/estética se destrinchada interessar a nós, habitantes das
grandes cidades do século
21? Aí está a razão de nosso trabalho.
Acreditamos que sim e essas
perguntas são os motores primeiros de nossas
pesquisas.
As penas acinzentadas, as
asas e cauda pretas da patativa, pássaro cantador
que habita o Nordeste
brasileiro, batizaram o poeta Antônio Gonçalves da
Silva, conhecido como
Patativa do Assaré. Patativa, poeta autodidata, ganhou
projeção em todo o Brasil
nos anos 50 por ocasião da regravação de "Triste
Partida", toada de
retirante gravada por Luiz Gonzaga. Filho de agricultores,
Patativa do Assaré nasceu no
dia 5 de março de 1909 em Serra de Santana.
Cedo, o menino Antonio
Gonçalves da Silva teve que se dedicar a roça,
espaço síntese de labor e
criação, onde natureza e cultura dialogavam e se
ofereciam como laboratório
para o menino.
O menino logo cedo começou a
perder a visão, vítima de uma doença
chamada por ele de “mal dos
olhos”. Curioso de tudo o que havia em
volta e
além, o pequeno Patativa
ensaiava seus vôos versejando enquanto carpia. A
idade adulta chegou com o
mesmo cenário com as mesmas dificuldades, mas
com vôos mais altos: poesia
difundida em livros, em discos, em filmes e
objeto de análise em
universidades e uma legião cada vez maior de
admiradores e fãs. Sua
poesia denunciou e denuncia as injustiças sociais,
que somadas ao clima pouco
favorável do sertão, fazem a tragédia cotidiana
do povo sertanejo. Mas
Patativa também falou do amor, do vício, contou
histórias, tratou enfim da
experiência humana. Faleceu no ano de 2002 em
Assaré.
A vida e a obra de Patativa
vêm despertando cada vez mais o interesse de
pesquisadores, com
publicações de antologias, estudos críticos e produções
audiovisuais. Poeta itinerante,
criador de imagens definitivas, como “Brasil de
Cima e Brasil de Baixo”,
pioneiro na luta pela Reforma Agrária no país,
convencionou-se afirmar que
“o que faz a força e o sabor da poesia de
Patativa é, sem dúvida, o
vínculo indestrutível entre o poeta, o sertão e o
público”. Por isso, este
espetáculo busca trazer à tona, através de seus
versos, a dramaticidade
pungente da lira e da vida pessoal do Trovador do
Assaré, seus elementos
musicais, e a atmosfera do sertão.
Patativa, poeta humanista,
homem simples e profundo. Através de suas
trovas transmuta em arte o
sofrimento de um povo. Cantar e contar sua
poesia e suas histórias é
proporcionar aos espectadores a oportunidade de
reviver sua própria história
através de um resgate musical, sonoro e poético.
Em um Brasil que ainda tem
suas raízes fincadas no jeito simples de se viver,
na generosidade interiorana
de se receber um estranho, na religiosidade e no
silêncio para entender tanto
as vozes dos pássaros como as vozes Deus, a
poesia de Patativa é uma
travessia do regional para o universal, tocando cada
espectador por sua graça e
sua por pungência.
Sobre
a Cia. do Tijolo
Patativa,
Paulo Freire, e a Cia. do Tijolo
Por Rodrigo Mercadante
A idéia de fundar a Cia. Do
Tijolo surgiu do desejo de Dinho Lima Flor de criar
um trabalho sobre a vida e a
obra do poeta Patativa do Assaré. Juntaram-se a
ele Fabiana Vasconcelos
Barbosa e Rodrigo Mercadante. De um primeiro
contato com seus poemas, nasceu
o show “Cante Lá que eu Canto Cá”, uma
espécie de sarau literário e
musical. Mas não foi o bastante. Na medida em
que se aprofundavam na obra
do poeta , perceberam que o Show não era o
suficiente para abarcar a
complexidade da obra, e principalmente, não
revelava ao público a
singularidade da trajetória de vida desse agricultor,
poeta e cantador.
Foi a partir desse desejo de
mergulhar a fundo na vida e na obra do Poeta
que formou-se um grupo de
pessoas interessadas em descobrir qual seria a
melhor forma de levar
Patativa aos palcos. Era preciso que se encontrasse
um ponto de vista, um ponto
de partida para poder LER Patativa e encará-lo
sem se perder na infinidade
de assuntos dos quais ele trata ou sem cair na
tentação de simplesmente
dramatizar sua biografia.
A luz veio em uma conversa
entre Rodrigo Mercadante, o diretor Ilo Krugli e a
educadora Rita Roseno em
Theotônio Villela, cidade com um baixíssimo
índice de desenvolvimento
humano localizada no interior de Alagoas. De uma
conversa sobre o fato de o
Brasil possuir um dos maiores índices de
analfabetismo funcional do
mundo veio o assombro com a contradição
de
esse fato acontecer no país
onde o grande educador Paulo Freire
desenvolveu sua pedagogia do oprimido. A Pedagogia do Oprimido
consiste em
partir da realidade do alfabetizando, do valor pragmático das coisas, de
suas situações existenciais,
para fazê-lo alçar vôo em direção ao
entendimento de seu lugar,
enquanto sujeito da história.
A conexão se fez
imediatamente. Patativa foi um homem que estudou só seis
meses e desenvolveu
extraordinariamente em si as possibilidades poéticas,
práticas, reflexivas no
manejo da língua . Qual caminho percorreu Antônio
Gonçalves da Silva até alçar
vôo e chegar à Patativa? Talvez as concepções
de Paulo Freire sobre o
conhecimento e sobre o ser humano nos desse um
norte para a leitura e
análise da obra do mestre cearense.
E é aí que se explica o nome
do grupo Cia. Do Tijolo. O primeiro passo no
processo de alfabetização do
método criado por Paulo Freire é o
levantamento do universo
vocabular dos grupos com que se trabalha; são
palavras ligadas às
experiências existenciais, profissionais e políticas dos
participantes dos diferentes
grupos. Foi assim que em Brasília, cidade ainda
em construção nos anos 60,
surgiu entre os estudantes de Paulo Freire a
palavra TIJOLO.
Para essa empreitada, essa
aventura de criar um trabalho conjunto, vieram
Rogério Tarifa, Karen
Menatti, Aloísio Oliver, Maurício Damasceno, Jonathan
Silva, Thais Pimpão. Com
eles, as histórias pessoais e profissionais de cada
um. Vieram as experiências
com Ventoforte, Casa Laboratório para as
Artes
do Teatro e Cia. São Jorge.
Vieram Tacaimbó, Belo Horizonte,
Maringá,
Vitória e São Paulo. E hoje, a Cia. do Tijolo vive a
aventura de construir o que
é a Cia. Do Tijolo. Por
enquanto a Cia. do Tijolo é um recém nascido que
tateia e deseja. Tijolo é
sua palavra geradora, seu princípio de orientação na
construção do “Concerto
de Ispinho e Fulô”.
Para Roteiro
CONCERTO DE ISPINHO E FULÔ
Dramaturgia: Cia. do Tijolo
a partir da vida e da obra do poeta Patativa do Assaré.
Direção: Rogério Tarifa – Atores:
Dinho Lima Flor, Fabiana Vasconcelos Barbosa, Karen Menatti, Rodrigo Mercadante
e Thais Pimpão - Músicos: Aloísio Oliver, Jonathan Silva, Maurício Damasceno -
Direção Musical: William Guedes - Figurino e Cenografia: Silvana Marcondes -
Desenho de Luz: Fábio Retti - Composições: Jonathan Silva e Dinho Lima Flor – Coreografia:
Jorge Garcia - Preparação Vocal: Rodrigo Mercadante - Consciência corporal:
Erika Moura - Apoio Teórico: Iná Camargo Costa - Programação Visual: Fábio
Vianna – Fotos: Alécio Cezar. Produção: Juliana Gomes.
Duração: 140 minutos.
Espetáculo recomendável para maiores de 14 anos.
Única apresentação no Espaço Sobrevento: 8/9, sábado, 20h - ENTRADA FRANCA
Rua Coronel Albino Bairão, 42 - Metrô Bresser-Mooca
Informações e reservas: info@sobrevento.com.br | 3399-3589
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