quarta-feira, 5 de setembro de 2012

CIA. DO TIJOLO APRESENTA “CONCERTO DE ISPINHO E FULÔ”


O ESPETÁCULO, QUE SERÁ APRESENTADO SOMENTE NO DIA 8 DE SETEMBRO, ÀS 20H, COM ENTRADA FRANCA, ENCENA O UNIVERSO DO POETA PATATIVA DO ASSARÉ



Concerto de Ispinho e Fulô, espetáculo vencedor do Prêmio Shell de Teatro de melhor música e indicado pela ousadia em sua criação. Unindo a poética de Patativa do Assaré às concepções éticas e filosóficas do educador Paulo Freire, e somando-se às experiências pessoais dos atores, resulta num espetáculo sensível e emocionante.

A ‘Rádio Caldeirão, conexão São Paulo/Assaré’, inicia sua homenagem ao
poeta Patativa do Assaré e ao Sítio Caldeirão de Santa Cruz dos Desertos.
No centro do palco, o poeta Patativa nasce dos escombros do Sítio Caldeirão.
Uma companhia de teatro vinda de São Paulo faz uma viagem no tempo e
chega ao Cariri com o objetivo de entrevistar Antonio Gonçalves da Silva, o
Poeta. À medida em que Patativa engendra seus versos, desfilam diante dos
olhos do público as dores da seca, os animados bailes de sua gente, a
receptividade do sertanejo, a graça de suas histórias, seus desejos e suas
inquietações, suas esperanças e desilusões. O que seria uma entrevista
costumeira, se transforma em um grande passeio, um verdadeiro encontro
entre  seres humanos e entre dois mundos tão próximos e ao mesmo tempo
tão distantes: São Paulo-Assaré/Brasil.

“Concerto de Ispinho e Fulô”, espetáculo brotado da vida e da obra do
poeta Patativa do Assaré sob a ótica das concepções do educador Paulo
Freire acerca da formação do sujeito consciente, traz à tona a sua incansável
e constante luta pelos direitos igualitários entre os homens, a exaltação à
natureza e a sua adorada terra, a irreverência poética. Este é um espetáculo
no qual os espectadores participam como se estivessem no quintal da casa
do Poeta, tomando café, dando seus depoimentos, iluminando a cena e
cantando. É um espetáculo envolvente e emocionante. 

As músicas do “Concerto de Ispinho e Fulô” são executadas ao vivo por um
violão, uma viola, um acordeom e percussão. A escolha das músicas foi feita
com base em uma pesquisa sobre as sonoridades do sertão e nas cantigas que vem de muitas gerações do povo brasileiro, e passa por compositores como Luiz  
Gonzaga, Nelson Cavaquinho e Adoniran Barbosa, entre outros, além de
composições inéditas de Jonatan Silva.

“Concerto de Ispinho e Fulô” é mais que contar causos com a graça própria
dos poemas de Patativa. É também apresentar, para o público que não
conhece este grande poeta, a sua causa humanista e universal, o seu lirismo
incomum, a sua capacidade de expressão no campo musical e, sobretudo, a
perspicácia de quem vive as peculiares circunstâncias do seu sertão,
interpretando como poucos os sentimentos de sua gente.

Não se trata, no entanto de um espetáculo biográfico. É, antes de mais nada,
uma apologia à vida elevada ao estado de poesia pura, ao poder da poesia
que tem como linha mestra a comunicação direta e pungente; é também uma
reflexão sobre a identidade sertaneja em contraste com o estilo de vida nas
grandes cidades. 



Sobre Patativa do Assaré
De Antônio Gonçalves da Silva a Patativa do Assaré. Do homem ao Poeta.

“Sou brasileiro filho do nordeste.
Sou cabra da peste, sou do Ceará”.

Que trajetória percorre um homem semi-analfabeto com todo um mundo
contra si, até atingir a poesia?  Gênio, genética, sorte, estado de graça? Pode,
essa trajetória ética/estética se destrinchada interessar a nós, habitantes das
grandes cidades do século 21? Aí está a razão de nosso trabalho.
Acreditamos que sim e essas perguntas são os motores primeiros de nossas
pesquisas.
As penas acinzentadas, as asas e cauda pretas da patativa, pássaro cantador
que habita o Nordeste brasileiro, batizaram o poeta Antônio Gonçalves da
Silva, conhecido como Patativa do Assaré. Patativa, poeta autodidata, ganhou
projeção em todo o Brasil nos anos 50 por ocasião da regravação de "Triste
Partida", toada de retirante gravada por Luiz Gonzaga. Filho de agricultores,
Patativa do Assaré nasceu no dia 5 de março de 1909 em Serra de Santana.
Cedo, o menino Antonio Gonçalves da Silva teve que se dedicar a roça,
espaço síntese de labor e criação, onde natureza e cultura dialogavam e se
ofereciam como laboratório para o menino.
O menino logo cedo começou a perder a visão, vítima de uma doença
chamada por ele de “mal dos olhos”.  Curioso de tudo o que havia em volta e
além, o pequeno Patativa ensaiava seus vôos versejando enquanto carpia. A
idade adulta chegou com o mesmo cenário com as mesmas dificuldades, mas
com vôos mais altos: poesia difundida em livros, em discos, em filmes e
objeto de análise em universidades e uma legião cada vez maior de
admiradores e fãs. Sua poesia denunciou e denuncia as injustiças sociais,
que somadas ao clima pouco favorável do sertão, fazem a tragédia cotidiana
do povo sertanejo. Mas Patativa também falou do amor, do vício, contou
histórias, tratou enfim da experiência humana. Faleceu no ano de 2002 em
Assaré.
A vida e a obra de Patativa vêm despertando cada vez mais o interesse de
pesquisadores, com publicações de antologias, estudos críticos e produções
audiovisuais. Poeta itinerante, criador de imagens definitivas, como “Brasil de
Cima e Brasil de Baixo”, pioneiro na luta pela Reforma Agrária no país,
convencionou-se afirmar que “o que faz a força e o sabor da poesia de
Patativa é, sem dúvida, o vínculo indestrutível entre o poeta, o sertão e o
público”. Por isso, este espetáculo busca trazer à tona, através de seus
versos, a dramaticidade pungente da lira e da vida pessoal do Trovador do
Assaré, seus elementos musicais, e a atmosfera do sertão. 

Patativa, poeta humanista, homem simples e profundo. Através de suas
trovas transmuta em arte o sofrimento de um povo. Cantar e contar sua
poesia e suas histórias é proporcionar aos espectadores a oportunidade de
reviver sua própria história através de um resgate musical, sonoro e poético.
Em um Brasil que ainda tem suas raízes fincadas no jeito simples de se viver,
na generosidade interiorana de se receber um estranho, na religiosidade e no
silêncio para entender tanto as vozes dos pássaros como as vozes Deus, a
poesia de Patativa é uma travessia do regional para o universal, tocando cada
espectador por sua graça e sua por pungência.



Sobre a Cia. do Tijolo 
Patativa, Paulo Freire, e a Cia. do Tijolo
Por Rodrigo Mercadante 
A idéia de fundar a Cia. Do Tijolo surgiu do desejo de Dinho Lima Flor de criar
um trabalho sobre a vida e a obra do poeta Patativa do Assaré. Juntaram-se a
ele Fabiana Vasconcelos Barbosa e Rodrigo Mercadante. De um primeiro
contato com seus poemas, nasceu o show “Cante Lá que eu Canto Cá”, uma
espécie de sarau literário e musical. Mas não foi o bastante. Na medida em
que se aprofundavam na obra do poeta , perceberam que o Show não era o
suficiente para abarcar a complexidade da obra, e principalmente, não
revelava ao público a singularidade da trajetória de vida desse agricultor,
poeta e cantador.
Foi a partir desse desejo de mergulhar a fundo na vida e na obra do Poeta
que formou-se um grupo de pessoas interessadas em descobrir qual seria a
melhor forma de levar Patativa aos palcos. Era preciso que se encontrasse
um ponto de vista, um ponto de partida para poder LER Patativa e encará-lo
sem se perder na infinidade de assuntos dos quais ele trata ou sem cair na
tentação de simplesmente dramatizar sua biografia.
A luz veio em uma conversa entre Rodrigo Mercadante, o diretor Ilo Krugli e a
educadora Rita Roseno em Theotônio Villela, cidade com um baixíssimo
índice de desenvolvimento humano localizada no interior de Alagoas. De uma
conversa sobre o fato de o Brasil possuir um dos maiores índices de
analfabetismo funcional do mundo veio o  assombro com a contradição de
esse fato acontecer no país onde o grande educador Paulo Freire
desenvolveu  sua pedagogia do oprimido. A Pedagogia do Oprimido consiste em partir da realidade do alfabetizando, do valor pragmático das coisas, de
suas situações existenciais, para fazê-lo alçar vôo em direção ao
entendimento de seu lugar, enquanto sujeito da história.
A conexão se fez imediatamente. Patativa foi um homem que estudou só seis
meses e desenvolveu extraordinariamente em si as possibilidades poéticas,
práticas, reflexivas no manejo da língua . Qual caminho percorreu Antônio
Gonçalves da Silva até alçar vôo e chegar à Patativa? Talvez as concepções
de Paulo Freire sobre o conhecimento e sobre o ser humano nos desse um
norte para a leitura e análise da obra do mestre cearense.
E é aí que se explica o nome do grupo Cia. Do Tijolo. O primeiro passo no
processo de alfabetização do método criado por Paulo Freire é o
levantamento do universo vocabular dos grupos com que se trabalha; são
palavras ligadas às experiências existenciais, profissionais e políticas dos
participantes dos diferentes grupos. Foi assim que em Brasília, cidade ainda
em construção nos anos 60, surgiu entre os estudantes de Paulo Freire a
palavra TIJOLO. 
Para essa empreitada, essa aventura de criar um trabalho conjunto, vieram
Rogério Tarifa, Karen Menatti, Aloísio Oliver, Maurício Damasceno, Jonathan
Silva, Thais Pimpão. Com eles, as histórias pessoais e profissionais de cada 
um. Vieram as experiências com  Ventoforte, Casa Laboratório para as Artes
do Teatro e Cia. São Jorge. Vieram Tacaimbó, Belo Horizonte,  Maringá,
Vitória e  São Paulo. E hoje, a Cia. do Tijolo vive a aventura de construir o que
é a Cia. Do Tijolo. Por enquanto a Cia. do Tijolo é um recém nascido que
tateia e deseja. Tijolo é sua palavra geradora, seu princípio de orientação na
construção do “Concerto de Ispinho e Fulô”

Para Roteiro
CONCERTO DE ISPINHO E FULÔ
Dramaturgia: Cia. do Tijolo a partir da vida e da obra do poeta Patativa do Assaré.
Direção: Rogério Tarifa – Atores: Dinho Lima Flor, Fabiana Vasconcelos Barbosa, Karen Menatti, Rodrigo Mercadante e Thais Pimpão - Músicos: Aloísio Oliver, Jonathan Silva, Maurício Damasceno - Direção Musical: William Guedes - Figurino e Cenografia: Silvana Marcondes - Desenho de Luz: Fábio Retti - Composições: Jonathan Silva e Dinho Lima Flor – Coreografia: Jorge Garcia - Preparação Vocal: Rodrigo Mercadante - Consciência corporal: Erika Moura - Apoio Teórico: Iná Camargo Costa - Programação Visual: Fábio Vianna – Fotos: Alécio Cezar. Produção: Juliana Gomes.
Duração: 140 minutos. Espetáculo recomendável para maiores de 14 anos.

Única apresentação no Espaço Sobrevento: 8/9, sábado, 20h - ENTRADA FRANCA
Rua Coronel Albino Bairão, 42 - Metrô Bresser-Mooca
Informações e reservas: info@sobrevento.com.br | 3399-3589

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