terça-feira, 16 de outubro de 2012

III SEMANA INTERNACIONAL DE TEATRO DE ANIMAÇÃO DO SOBREVENTO

E o tempo passou e o mundo mudou e o peso das vozes fortes, das ideias fixas, das verdades absolutas, das certezas, das arbitrariedades, dos pulsos firmes revelou a sua inconsistência. Novos ventos vêm varrendo dogmas, preconceitos, machismo, racismo, cartesianismo, aristotelismo, pontas de peixeira, aristocracias, tradições, hábitos, inflexibilidades políticas, econômicas, filosóficas, estéticas, morais e religiosas.

Sussurrada pelo italiano Antonio Catalano, ressoada pela cia. espanhola La Casa Incierta, segredada pelo francês Eric de Sarria, ressoprada pela belga Agnès Limbos, criada a pão de ló pelos espanhóis Hermanos Oligor, flutuando pelo ar nos quatro cantos do mundo, em uma conspiração de artistas, a ideia da fragilidade veio aninhar-se em nós. Esta Mostra – ela mesmo tão frágil, tão delicada, tão vulnerável, tão instável – é a reunião de espetáculos de países e Culturas muito diferentes, de seres humanos muito parecidos. É um encontro de dúvidas – que são a própria alma da Arte – e não uma demonstração da força do Teatro de Animação. É a reunião de frutos delicados de uma árvore cultivada com muito cuidado, oferecidos a quem queira e saiba apreciar sabores sutis, aromas suaves e cores tênues. Frutos raros, oferecidos aos companheiros. E companheiros não são aqueles dos gritos, das palavras de ordem, das imposições: são, desde sempre, os que acompanham, os que comem, juntos, o mesmo pão.

Grupo Sobrevento


O GRUPO SOBREVENTO realiza de 3 a 11 de novembro a III SEMANA INTERNACIONAL DE TEATRO DE ANIMAÇÃO, no Espaço Sobrevento (Rua Coronel Albino Bairão, 42 - Metrô Bresser-Mooca), em São Paulo. A programação tem ENTRADA FRANCA e traz 6 das mais destacadas companhias contemporâneas de Teatro de Animação de 4 países (Art Stage SAN – Coreia, Crazy Body Group – Irã, Cia. Rocamora – Espanha, Hermanos Oligor – Espanha, Playground – Espanha e Antonio Catalano – Itália) em apresentações, debates, mesas-redondas e oficinas. Do Brasil, a programação contará com as Cias. Ventoforte, Quase Cinema e com o próprio Sobrevento, totalizando 13 apresentações e trazendo como tema a questão da FRAGILIDADE, pesquisa que o grupo pretende desenvolver em projeto contemplado este ano pelo Programa de Fomento ao Teatro. Clique AQUI e saiba mais sobre o projeto.


A SEMANA INTERNACIONAL DE TEATRO DE ANIMAÇÃO DO SOBREVENTO é o único evento internacional de Teatro de Animação na cidade de São Paulo, apesar de aqui se encontrar um dos maiores movimentos de Teatro de Bonecos do país. Além de apresentar alguns dos espetáculos mais provocadores da produção recente do Teatro de Animação, a III SEMANA INTERNACIONAL DE TEATRO DE ANIMAÇÃO DO SOBREVENTO será um espaço de intercâmbio e de formação de público e de artistas: abrigará uma oficina internacional – ministrada pela Cia. Playground da Espanha - e um workshop, ministrado pela Cia. Quase Cinema, debates sobre o processo de criação de cada companhia e 2 mesas-redondas. Todas as atividades acontecerão no ESPAÇO SOBREVENTO, a única sala da cidade dedicada exclusivamente ao Teatro de Animação.

A programação tem a curadoria do GRUPO SOBREVENTO – que comemora, em 2012, 25 anos dedicados à pesquisa e à difusão do Teatro de Animação, reconhecido internacionalmente – e apresenta espetáculos do mais alto nível, provocadores e raros de se ver, contribuindo na formação de artistas e público, através da troca de experiências, da abertura dos seus processos de pesquisa e de debates sobre as particularidades de cada trabalho. Duas das cinco companhias que fazem parte da programação estarão pela primeira vez no Brasil. O festival conta com o Copatrocínio da Korea Foundation e o apoio do Ministério da Cultura, INAEM e Iberescena. Uma realização do Grupo Sobrevento com o apoio do PROGRAMA MUNICIPAL DE FOMENTO AO TEATRO PARA A CIDADE DE SÃO PAULO. A Petrobras é patrocinadora do Grupo Sobrevento.

3 e 4/11 – 16h (sábado e domingo) – Tic Tac Tic Tac – Antonio Catalano | Itália
Classificação: 6 meses a 3 anos
(reserve seu ingresso pelo e-mail info@sobrevento.com.br ou ligue 3399-3589)

Microcontos, pequenas ações, movimentos delicados, sussurrados, sem palavras, falam do tempo que passa e do tempo que fica, em histórias escondidas em relógios especiais. Há muito tempo, Antonio Catalano – palhaço, ator, músico e artista plástico consagrado na Itália, dono de um trabalho prolífico e singular – teoriza e pratica o abandono da ideia tradicional de espetáculo, realizando um novo tipo de encontro artístico com os pequenos “espectadores”, nos quais busca provocar experiências vitais. Com o uso fantástico de objetos naturais e da vida cotidiana (relógios, brinquedos, folhas, ramos), entre cenas, pinturas e esculturas – em um cenário que reinventará ao chegar ao Brasil, com materiais daqui –, o artista, que só viaja com uma pequena mala, consegue criar mundos estranhos e maravilhosos.


3 e 4/11 – 20h (sábado e domingo) –  As Tribulações de Virginia – Hermanos Oligor | Espanha – Classificação: Adulto

* a apresentação do dia 3/11 será seguida de debate

Por três anos e meio, os irmãos Oligor estiveram fechados em um porão, inventando bonecos, traquitanas, autômatas animados por roldanas e pedais, brinquedos mecânicos e máquinas. Para tratar das feridas de uma relação sem final feliz, terminaram por envolver toda uma cidade em uma aventura que, só depois de muito tempo, viu a luz – real – do sol. Acionando os diferentes e incríveis mecanismos, Valentín nos confidencia, no seu porão, a sua história: a história muito pessoal e verdadeira, de amor e desamor, que inventou.



5/11 – 16h (segunda) – MESA-REDONDA ~ A Fragilidade do Mundo e das Pessoas:
o Teatro para Crianças Hoje, com Antonio Catalano (Itália), Art Stage SAN (República da Coreia), Ventoforte e Sobrevento (Brasil)

5 e 6/11 – 20h (segunda e terça) – A História de Dallae – Art Stage SAN | Coreia 
Classificação: Todo público

* a apresentação do dia 5/11 será seguida de debate

Misturando Teatro de Bonecos e Dança, a peça, sem palavras, conta a história de uma família durante a Guerra da Coreia, em 1950, sob o olhar de uma criança – Dallae. Tocante e poético, o espetáculo não fala propriamente da guerra, mas dos esforços de uma família para superar as dificuldades naquele tempo difícil e nos deixa compreender um pouco do que é a Coreia, de forma sensível e delicada, lembrando-nos da esperança e da capacidade de superação do homem, mesmo quando a violência e a brutalidade estão à porta. Tendo viajado por diferentes países da Europa e da Ásia, esta apresentação marca a estreia nas Américas desta que é a mais destacada companhia coreana de Teatro de Animação contemporâneo e que ganhou, com este espetáculo, alguns dos maiores prêmios mundiais do Teatro de Animação.


6, 7 e 8/11 – das 9h às 12h (terça a quinta) – OFICINA: EXPLORAÇÃO DO OBJETO VINCULADO AO CORPO, AO CONFLITO E À MEMÓRIA, com Xavier Bobés | Cia. Playground (Espanha)

O universo dos objetos revela aos atores numerosos enigmas sobre o que os cerca e sobre eles mesmos. Esta oficina não poderá revelá-los e decodificá-los completamente, mas apresentará o potencial do objeto e jogará com suas possibilidades e exercícios cênicos. CONFIRA A LISTA DE SELECIONADOS:

Cristina Rangel Nascimento, Janaina Ribeiro,  Kelly Orasi, Roberto Ferreira da Silva, Aluízio Augusto Carvalho Santos, Jose Valdir Albuquerque-Ze Valdir,  Sueli Andrade, Juliana Silveira Derretine, Gustavo Martins, Flavio Amado, Márcia Nunes, Bruna Santana Amado Lima, Andreza Domingues, Léia Izumi, Mauro R. Rodrigues, Sílvia Pinheiro Brunello, Rodrigo Româo Batista, Maíra Martins Frois, Cleber Laguna, Chantal Mailhac.

ATENÇÃO: OS SELECIONADOS DEVEM CONFIRMAR SUA PRESENÇA POR E-MAIL PARA EFETIVAR SUA SELEÇÃO.


7/11 – 20h (quarta) – A Cabeça nas Nuvens – Cia. Playground | Espanha
Classificação: Adulto

* a apresentação será seguida de debate

A Cabeça nas Nuvens é uma criação do catalão Xavi Bobès, com a direção do francês Eric de Sarria, que transita entre o Teatro e as Artes Plásticas e que se vale de objetos, de coisas, para revelar a brincadeira dos adultos no mundo. Como uma criança, a manipulação dos objetos, de forma casual, transforma estes brinquedos nos personagens principais do espetáculo, representando as vivências de uma mulher a partir do dia em que é abandonada pela pessoa que ama. O espectador não ouve uma história, mas poderá viver todo o processo de adaptação da personagem: a solidão, as lembranças, os desejos frustrados, o desconsolo e as novas paixões. Xavi Bobès propõe um espetáculo pouco comum, delicado, sutil e, exatamente por isto, provocador. Fundada em 2003, a Cia. Playground aborda o Teatro como um jogo cênico a partir de uma pesquisa centrada nos objetos cotidianos.


8/11 – das 17h às 19h (quinta) – WORKSHOP: LABORATÓRIO – SIMULACRO DAS SOMBRAS, com Ronaldo Robles | Cia. Quase Cinema (SP)

O laboratório das sombras é um espaço para experimentação e reflexão sobre o teatro de sombras contemporâneo e as novas descobertas da Cia Quase Cinema para um teatro de sombras na rua. Ronaldo Robles esteve no Teatro Gioco Vita, na Itália, no primeiro intercâmbio-residência oferecido pelo mestre Fabrizio Montecchi. Após a oficina, Ronaldo coordenará uma sessão de projeções, demonstrando o resultado do workshop. Uma realização da Cia. Quase Cinema com o patrocínio do Ministério da Cultura - Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura. CONFIRA A LISTA DE SELECIONADOS:

Daiane Baumgartner, Chris M. Brito, Flávia Schiavo, Eduarda Ohoe, Ana Cancello, Roberto Ferreira da Silva, Afonso Braga da Costa Junior, Fabiana Marchezzi, Márcio Lozzano, Juliana Pedreira, Aluízio Augusto Carvalho Santos, Juliana Silveira Derretine, Vera Sebastiana, Diego Nogueira Dávila, Sílvia Pinheiro Brunello, Marcia Fernandes, Cleber Laguna, Regiane Menezes Celloni Capato, Tomaz Auricchio, Gisélia “Ballet”, Marcelo Tupinambá.

ATENÇÃO: OS SELECIONADOS DEVEM CONFIRMAR SUA PRESENÇA POR E-MAIL PARA EFETIVAR SUA SELEÇÃO.

8 e 9/11 – 20h (quinta e sexta) – Pequenos Suicídios – Cia. Rocamora | Espanha
Classificação: Adulto

* a apresentação do dia 8/11 será seguida de debate

Pequenos Suicídios é o famoso espetáculo do húngaro Gyula Molnár, considerado por muitos a primeira montagem de Teatro de Objetos. Apresentado pelo ator catalão Carles Cañellas, a quem o autor confiou o espetáculo, desde que desistiu de viajar. Este espetáculo em três quadros alcançou muito sucesso nos anos 80, em muitos países, e ainda hoje é uma obra cultuada pelos especialistas, que continua a surpreender e emocionar o público de hoje. Alka-Seltzer é uma tragédia na qual um remédio efervescente procura escapar de seu destino. Pita e Jörg revela a paixão de um fósforo sueco por uma semente de café brasileira, exótica, fascinante e encantadora. O Tempo, a poesia tragicômica que encerra o espetáculo, é uma paródia sobre o inexorável passar dos anos. Pequenos Suicídios caminha sobre o arame fino que separa o Teatro de Atores e o Teatro de Bonecos.


9/11 – 16h (sexta) – MESA-REDONDA ~ A Fragilidade do Teatro: o Teatro de Animação e as outras Artes, com o Crazy Body Group (Irã), as companhias Rocamora, Playground e Hermanos Oligor (Espanha)

10/11 – 16h (sábado) – Um Rio que vem de Longe – Teatro Ventoforte | Brasil 
Classificação: Infantil

Um pequeno barco ancorado, que nunca tinha navegado, apaixona-se por uma flor que a correnteza levava. Quando o barquinho consegue libertar-se, é levado pelas correntezas, como a flor, e quase naufraga no mar. É salvo por um marinheiro, que lhe ensina a usar a âncora e a saber parar em frente aos que ama. O espetáculo explora a linguagem, os rituais e o imaginário das festas populares a é apresentado desde 1963. O Teatro Ventoforte é considerado pela crítica um marco para o teatro para crianças no Brasil. Na sua trajetória, já apresentou trinta espetáculos, que somam mais de cinquenta dos prêmios de Teatro mais importantes do país.

10 e 11/11 – 20h (sábado e domingo) – Presente Misterioso | Barro
Crazy Body Group | Irã
Classificação: Adulto

* a apresentação do dia 10/11 será seguida de debate

Yaser Khaseb é um artista raro, que transita entre a Dança e o Teatro de Animação e que amalgama influências de grandes artistas da Austrália, Brasil, de Israel. Quase desconhecido dos brasileiros, o teatro iraniano é muito rico, antigo, profundo e avançado e seus jovens artistas, dinâmicos, inquietos e inovadores. Khaseb apresenta dois espetáculos diferentes, que revelam seu virtuosismo e inventividade e que discutem o Teatro de Bonecos em uma encenação moderna, performática, que fala da batalha do artista consigo mesmo, com o mundo que o cerca, com suas criações. Premiado no Irã, seu trabalho vem ganhando reconhecimento em diferentes países europeus e afirmando-se em um país onde a Arte se expressa com uma coragem e uma força admiráveis.


11/11 – 16h (domingo) – Meu Jardim – Grupo Sobrevento | Brasil
Classificação: 6 meses a 3 anos 
(reserve seu ingresso pelo e-mail info@sobrevento.com.br ou ligue 3399-3589)

Entediado, em meio a um deserto, um viajante decide criar um jardim. Mas como fazê-lo? A partir do texto da autora belga de origem iraniana Mandana Sadat, o Grupo Sobrevento compõe um espetáculo que fala de esperança, de sonho, do desejo e da possibilidade de transformar o mundo, em uma paisagem que poderia ser o Irã, como poderia ser o Brasil. A montagem utiliza elementos visuais e sonoros próprios da cultura brasileira, que a aproximam da cultura iraniana e que, curiosamente, parecerão familiares a cidadãos de todo o mundo. A estrutura do texto original - publicado em um livro que se lê em idioma ocidental da esquerda para a direita e que se lê em persa da direita para a esquerda, compondo duas histórias semelhantes porém diferentes - mantém-se nesta montagem, com a construção e a desconstrução do jardim. Uma desconstrução que deixa, entretanto, uma semente como presente de esperança e de possibilidade de recriação, ao alcance de todos nós. Para o Grupo Sobrevento, criar um mundo, um jardim, do nada, no nada, como o faz em seu espetáculo, como o fez Mandana Sadat ao escrever o seu livro, como fez o público ao ter os seus bebês, é a crença de que há um mundo bonito a ser construído e que a vida, definitivamente, vale a pena.